A sinopse do filme «The Conjuring 2 - A Evocação» reza assim:
«O novo thriller sobrenatural [...] traz uma nova história verídica saída dos arquivos dos reconhecidos Ed e Lorraine Warren, o casal especialista em casos paranormais. [...] interpretam o casal Lorraine e Ed Warren que, numa das suas investigações mais aterradoras, viaja até ao norte de Londres para ajudar uma mãe solteira a criar quatro crianças numa casa assombrada por espíritos maliciosos».
Site da NOS, 10 de julho de 2016.
A questão aqui são os espíritos maliciosos. Trata-se de uma tradução demasiado literal, e sem atender ao contexto, do inglês «malicious spirits». Seria mais adequado usar «maléficos», «malignos», «diabólicos» ou equivalente. É bem certo que a «malícia» - e a etimologia comprova-o - é definida pelos dicionários como tendência, inclinação, aptidão para o mal, mas não é menos certo que o seu uso consagrado é o de «segundo sentido» - ou mais referencialmente de «mau sentido» - do dito picante, do chiste, da provocação. Este mal é aqui o pecado, referenciado à moral judaico-cristã, e não tanto o mal como oposto de bem.