«Os doentes nesses centros [de referência] são melhor tratados […]»; «[…] os profissionais, altamente diferenciados, que estão nesses centros […], são as pessoas melhores preparadas não só para investigar mas também para poder ensinar […]»
Um médico e cirurgião oncológico referiu, numa curta
intervenção televisiva, e por duas vezes, as expressões: «melhor tratados» e
«melhor preparados». Na segunda vez – pior – até tentou fazer concordar o
«melhor» com o sujeito, as «pessoas melhores» para aquela função, o que deveria fazer soar o alarme para este uso espúrio de «melhor».
«Melhor tratado» tal
como «melhor preparado» são expressões que continuam a ser usadas com frequência
no que me parece ser uma clara manifestação de hipercorreção. E não estão
sequer corretas. Melhor é grau comparativo e superlativo de bem quando modifica
o verbo em tempos simples, tal como acontece com as frases: «Os centros de
referência tratam melhor os doentes do que os hospitais comuns» ou «Os centros
de referência portugueses são os melhores da Europa». Mas a anteceder o
particípio passado deve-se usar «mais bem», de onde as frases acima transcritas
deveriam ficar:
«Os doentes nesses centros [de referência] são mais bem tratados […]»; «[…] os profissionais, altamente diferenciados, que estão nesses centros […] são as pessoas mais bem preparadas não só para investigar mas também para poder ensinar […]».
Se, aliás, pensarmos
como foram formados os adjetivos bem-parecido, bem-educado, bem-comportado,
bem-visto e tantos outros, em que o elemento bem- integra a sua composição,
poderemos, por analogia, eliminar as dúvidas que subsistam
relativamente ao uso de melhor e de mais bem.